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“Lendas e Mitos Brasileiros” em debate nos encontros com poetas

“Lendas e Mitos Brasileiros” é o tema do próximo encontro do projeto “Encontro com Poetas Populares e Rodas de Cantoria”, na Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), em Santa Teresa. Os poetas se apresentam amanhã, 11 de julho, a partir de 16h.

Rua Leopoldo Fróes, 37 – Santa Teresa – Rio de Janeiro – RJ
(21) 2232-4801

Sepalo Campelo | foto: divulgaçãoSepalo Campelo é potiguar, nascido em 1994. Estreou no cordel em 1985, com o folheto “O Rio que Nós Amamos”, trabalho premiado no I Concurso Estadual de Literatura de Cordel, promovido pela Casa de Cultura São Saruê, em convênio com a FUNARTE. A este seguiram-se “A Copa Oitenta e Seis das Oitavas de Final”, “Vila Isabel, do Barão a Noel Rosa” e “Zemanhof, O Homem que Inventou uma Língua para o Mundo”. Membro-fundador da ABLC, ocupa a cadeira nº 6, patronímica de Francisco Guerra Vaz Curado.

Antônio de Araújo Campinense | foto: divulgaçãoAntônio de Araújo Campinense, o Poeta do Campo, muito atento aos fatos e detalhes do dia-a-dia, busca em seu cotidiano inspiração para as mais delicadas criações. Se a emoção toma conta de seus poemas e sonetos, é de maneira peculiar e sempre surpreendente que o poeta vem tratar os mais diversos temas sociais que aborda. Em sua linguagem simples, abre mão de tecnicismos para mostrar de forma competente sua crítica bem humorada deste mundo do qual faz parte e parece estar sempre observando.

Fonte: ABLC

Começam as Rodas de Cantoria!

azulaoNeste sábado, dia 27 de junho, acontece a primeira roda de cantoria do projeto Encontro com Poetas Populares e Rodas de Cantoria, da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com apoio da Acústica. Agende-se: nesta edição, a Academia promove uma calorosa apresentação do músico Azulão. Nossa dica: chegar mais cedo e curtir o clima turístico de Santa Teresa – os restaurantes, cinema, ateliês…

Outra dica é chegar um pouco antes na Academia de Cordel e folhear os impressos que eles vendem por lá. Há cordeis com mais de trinta anos à venda por R$1,00 e livros baratíssimos, ótimos para dar de presente. Clique no banner ao lado, pra ver detalhes.

Encontro com poetas

O turista que visita Santa Teresa, no Rio de Janeiro, talvez não saiba que logo ali perto de restaurantes, ateliês e bares existe um sobradinho simpático, que deveria fazer parte de qualquer visita ao bairro.

Cordeis Foto: Jean Souza

Uma lojinha para exibição das obras e uma pequena porta, na ladeira da Rua Leopoldo Fróes, compõem a fachada da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), instituição que existe há 21 anos. Uma breve visita é suficiente para mostrar que a Academia, com seus 40 membros, funciona como disseminadora de uma cultura que remete ao início da colonização do Brasil. São salas lotadas de livrinhos coloridos, sobre temas variados: da morte de Garrincha à violência no Rio de Janeiro, de Santos Dumont a narrativas sobre um caso de amor. Tudo de maneira bem simples e aconchegante.

A literatura de cordel, considerada por muitos como uma prática de resistência popular frente à disseminação de tantas outras formas de comunicação, persiste naquele sobrado como uma grande paixão, não apenas dos acadêmicos-membros. No último sábado, 13 de junho, a abertura do Encontro Com Poetas Populares e Rodas de Cantoria mostrou que existe uma forte rede de pesquisadores, poetas e admiradores, que possui como grande objetivo não apenas preservar, mas divulgar cada vez mais essa literatura ao mesmo tempo simples e tão rica.

Encontro com Poetas Populares Foto: Jean Souza
A série de encontros tem patrocínio do Governo do Estado, da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro e apoio da Acústica Perfeita e do Ministério da Cultura.

Com a proposta de promover “aulas-espetáculos”, o projeto teve início com apresentação de Gonçalo Ferreira da Silva, poeta e presidente da ABLC. Em meio a declamações de improviso e narrações de historietas guardadas na memória, ele falou sobre “Evoluções da Literatura de Cordel” para uma plateia empolgada e atenta.

A Academia, com sua lojinha

A Academia, com sua lojinha

“Sextilha”, “carretilha”, “martelo agalopado”: cada um dos estilos foi explicado cuidadosamente. “A carretilha, por exemplo, faz com que o poeta confunda rapidamente seu adversário. Trabalham-se os versos com uma rapidez impressionante”, explicou Gonçalo, entre versos de pelejas como a de Zé Pretinho do Tucum, de meados da década de 1920.

“A literatura de cordel abarca todas as modalidades utilizadas pelos poetas clássicos”, disse, chamando atenção para o fato de a oralidade das narrativas ter se transportado para o papel, com o surgimento da imprensa: “Somente com a imprensa seria possível conseguir a literatura de cordel escrita. Antes disso, ela sempre esteve na oralidade. José Passarinho, por exemplo, não teve nada escrito”.

A poetisa Maria Rosário, que mediou a conversa com o público, lembrou o aspecto jornalístico dos cordeis: “A literatura de cordel tem como característica básica a narrativa de fatos. O poeta, pra mim, é o repórter em cima do laço – traz em poesia a notícia muito rapidamente, cobre todas as temáticas da nossa vida”. Rosário lembrou que a produção brasileira continua viva e crescente: “Os folhetos agora estão retornando a Portugal – de onde vieram – como pauta de estudo nas universidades”.

Gonçalo Ferreira da Silva Foto: Jean Souza

O poeta Gonçalo Ferreira da Silva

Aos 71 anos, Gonçalo tem uma infinidade de folhetos publicados, que se misturam a livros sobre a literatura de cordel, também de sua autoria. Ele ainda usa máquina de escrever e torce o nariz para o computador: “Sei que é muito avançado, mas eu não lhe quero bem”, brinca. À frente da Academia, Gonçalo ocupa a cadeira do poeta Leandro Gomes de Barros, um dos mais importantes do estilo. Perguntado sobre a capacidade de resistência do cordel ele afirma: “Não há um ponto de resistência como o Nordeste. E nossa tentativa é fazer com que os folhetos se espalhem pelas escolas”.

Em tempo: a Academia Brasileira de Literatura de Cordel está abrindo suas portas para visitantes. Em breve, uma sala de pesquisa ficará à disposição de estudantes e turistas. Além disso, a casa abrirá também um pequeno Museu do Cordel. Gonçalo explica: “São 12 máquinas de escrever do tempo do chão, um prelo de 1880 e violas do tempo em que o demônio era criança”.

[por Jean Souza]

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Academia Brasileira de Literatura de Cordel
site: www.ablc.com.br
Rua Leopoldo Fróes, 37 – Santa Teresa, Rio de Janeiro
Telefone: (21) 2232-4801