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“Oui Oui… A frança é aqui” fatura Prêmio Shell 2009

Conversamos com Gustavo Gasparani, idealizador e ator do espetáculo

Por Jean Souza

Em cerimônia realizada na segunda-feira, 5 de abril, no Jockey Club do Rio, Gustavo Gasparani e Eduardo Rieche foram os vencedores da categoria “Melhor Autor” da 22ª edição do Prêmio Shell de Teatro. O espetáculo apoiado pela Acústica conta a história da influência francesa no Brasil, através de canções clássicas de ambos os países e esquetes engraçadíssimos, que consagram o musical como um dos melhores de 2009. As músicas são interpretadas de forma impecável por Ester Elias, Gottsha, Solange Badim, César Augusto, Cristiano Gualda e pelo próprio Gasparani.  No ano passado, “Oui Oui” recebeu quatro indicações ao prêmio. Em entrevista ao blog, o autor fala um pouco do espetáculo, que fica em cartaz no Rio até 18 de abril.


Assisti ao musical em outubro do ano passado e agora, na última temporada. Percebi uma diferença muito grande entre o espetáculo atual e o que era encenado no início. O lado cômico ficou mais forte?
Ficou mais solto, né? É o resultado do relacionamento com a plateia. Na comédia você ensaia numa sala fechada e quando entra o público você descobre onde eles riem. E assim, vai desenvolvendo mais. O espetáculo entrou no sexto mês em cartaz, então essa interação entre plateia e o texto brota de forma mais forte durante a temporada.

Você acha que o público fica surpreso quando vem à Maison de France assistir vocês? É um público que vem esperando um tipo de musical e encontra outro?
Talvez o público não imagine que vai ser tão engraçado. Essa peça agradou desde as crianças até a terceira idade. Tem muita criança que vem assistir com os pais, por causa da questão histórica. E a terceira idade é quem vai se envolver mais com as músicas, a influência francesa foi mais próxima deles. Há algumas oscilações, mas na maioria das vezes o resultado é sempre muito bom. A gente tem uma resposta muito boa.

Vocês têm intenção de levar o espetáculo para outros estados? A percepção em outras cidades seria diferente da reação do público carioca?
Acho que seria um pouco diferente, mas acho que seria boa. Outro dia, brincando, eu perguntei pra um amigo meu: ‘Você acha que em São Paulo essa peça vai dar certo?’ E ele respondeu ‘É claro que dá! O Cristo Redentor não é carioca, é brasileiro’. Então, o Cristo redentor, a Torre Eiffel são ícones das culturas, das cidades da gente. Nós temos intenção, sim, de fazer o espetáculo em São Paulo. Mas o público vai ter chance de ver o musical em outra temporada aqui no Rio. A gente fica em cartaz até 18 de abril.

Gasparani, no Teatro Maison de France

Qual tem sido o valor da figura do apoiador, na produção de um musical?
Nós temos essa parceria com a Acústica, que fornece o nosso teclado. A Acústica é perfeita, literalmente. É a parceria que viabiliza as produções, porque o musical é muito caro. O preço do musical no Brasil é completamente defasado, é impossível lotar esse teatro sem apoio. Sozinho, você não sustenta o dia a dia da produção de um musical, mesmo lotando. É muito caro. Se o ingresso custasse R$150, R$120, aí você começaria a pensar, mas não pode botar esse valor. O ingresso custa R$60, que vira R$30, porque a maioria é meia-entrada. Se a gente não tiver apoio ou patrocínio, não consegue manter um espetáculo desse porte.

Em uma cena do musical vocês fazem uma piada com a Lei Rouanet.
Sim, inclusive esta é uma característica do Teatro de Revista. Ele sempre falava do Teatro da época, das políticas, porque política cultural sempre foi um problema! Desde mil setecentos e lá vai fumaça…

O que você acha da reformulação da lei?
Acho que ela tem que ser feita com calma. É um tema polêmico. A lei tem coisas muito positivas, viabilizou muitas coisas. Acho que é bom sempre refletir e tentar melhorar ainda mais. Mas quando as coisas vêm muito radicais é que eu acho confuso. Vide o petróleo do Rio de Janeiro agora. Quando vem uma coisa que reformula tudo, tira tudo, quem é que escolhe? Isso é meio complicado, precisa ser muito bem analisado.

Oui, Oui… A França é Aqui – A Revista do Ano
Teatro Maison de France PSA Peugeot Citroën. Capacidade: 352 lugares. Av. Presidente Antônio Carlos, 58, Centro. Telefone: (21) 2544-2533. Temporada popular: De 1º a 18 de abril. Horários: Quinta a domingo, 19h30. Preços: Quintas e sextas, R$ 25; Sábados e domingos, R$ 60. Classificação indicativa: 12 anos. Duração: 1h50.