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Entrevista: Mauricio Odery

Mauricio Odery

Fabricante de baterias profissionais, a Odery, empresa sediada em Campinas, São Paulo, é referência nacional e internacional entre os músicos. Com linhas de instrumentos customizados, fabricados artesanalmente, e uma linha produzida em série, a empresa faturou em 2008, R$3 milhões – metade, resultante da venda da linha Privilege, voltada para o consumidor mais popular. Tendo Estados Unidos e Europa como os principais destinos das exportações, a empresa vendeu para o mercado externo US$100 mil no ano passado. Em 2009, o lançamento de dois modelos de bateria driblou a crise econômica e a redução no consumo que houve no país, garantindo para a empresa bons resultados. Mauricio Odery, Diretor-Executivo da empresa, faz uma análise deste ano, em entrevista à Acústica:

Estamos em outubro. Já é possível fazer um balanço de como se comportou o mercado de instrumentos musicais em 2009? Como o cenário de crise econômica afetou o mercado musical?
O ano foi muito turbulento, bem complicado. Evidentemente, a crise afetou bastante o mercado. Foi logo depois de uma feira maravilhosa no ano passado. Principalmente por causa da oscilação muito alta do dólar, isso acabou gerando uma confusão para os lojistas, os clientes. Os preços estavam muito discrepantes. Havia diferença muito grande para o mesmo produto. Até hoje ainda se encontra uma diferença de preço muito grande para certas mercadorias. Apenas depois de um tempo, o dólar deu uma estabilizada e o nosso mercado é um dos últimos a sentir a melhora. O governo auxiliou os mercados maiores, de carros, eletrônicos. A gente acaba concorrendo com esses mercados, o consumidor acaba comprando um eletrodoméstico, ou prefere utilizar o crédito para a compra de um carro. A última coisa que ele vai comprar vai ser um instrumento musical – o que faz parte da própria cultura do país… Pra nós da Odery, essa turbulência foi um pouco menor. A gente estava desenvolvendo um produto e pôde dar uma crescida muito forte. Devido ao lançamento da Privilege Jazz e da Privilege Fusion, no final do ano a gente teve um crescimento razoável. Foi um ano bastante positivo pra gente.

Acima, detalhe da Privilege Jazz Fusion, lançamento da Odery

Acima, detalhe da Privilege Jazz Fusion, lançamento da Odery

Apesar dos lançamentos recentes, há previsão de novidades já para o ano que vem?
Já estou com um projeto para 2010, um projeto que venho desenvolvendo há uns dois anos, paralelo ao projeto da nova Privilege, mas demanda um investimento muito alto. Veremos se será possível viabilizá-lo financeiramente.

Vocês participaram da Expomusic, agora em setembro. Durante o ano, houve também participação da Odery em feiras regionais?
Nós não fizemos as feiras regionais porque não temos produtos para serem vendidos em qualquer loja. A gente procura trabalhar com as grandes lojas, que vão dar prioridade pra gente. Com o dinheiro que a empresa gastaria numa feira regional, a gente faz o contato com o lojista de cada cidade. Desta forma, a gente tem a oportunidade de conhecer o espaço, ver como o produto está sendo exposto, conversar com o cliente. Nosso produto é um produto de valor agregado mais alto. Visitando o ponto de venda, a gente tem mais oportunidade de sacar se aquele espaço condiz com o que a gente tem.

E como é o mercado carioca? Como tem sido o relacionamento com as lojas Acústica Perfeita/Casa Góes?
O Rio talvez compre mais até que São Paulo, se pensarmos na capital. Foi um processo natural o Rio ser um lugar onde a gente mais vende, pois o contato com os bateras cariocas sempre foi maior pra Odery. A gente se sente muito querido por eles (bateristas), a Odery está inserida de forma muito legal, o consumidor sempre valorizou demais nossa marca. A Acústica é o melhor contato das lojas do Rio. O próprio jeito de a Carol Góes lidar com o negócio me atrai, o jeito de falar, de ela ser. Isso se reflete nas lojas dela. As lojas têm o clima da Carol. E o clima da loja é o clima da Odery. As lojas são super bonitas, finas, você chega e está em casa. O marketing das lojas é pra frente, é institucional, a Carol pensa nas lojas como marca, num negócio além das lojas, faz um negócio para o consumidor se sentir bem. E essa é a mesma forma de pensar da Odery.

Odery Privilege PR 200 HW, destaque na página de ofertas da Acústica

Odery Privilege PR 200 HW, destaque na página de ofertas da Acústica

Como é o processo de criação de novas linhas de baterias? Vemos que há um contato muito forte da empresa com o cliente. Isso influencia o desenvolvimento de novos instrumentos?
Acho que o cliente acaba participando de forma indireta e inconsciente da formulação de novos produtos. A gente sempre tem contato muito forte com o consumidor e com o consumidor profissional. Grande parte dos nossos clientes é formada por profissionais liberais, como arquitetos, médicos, mas a gente tem um contato muito forte também com bateristas profissionais. A gente sempre ouve a necessidade do cara e por menor que seja o conselho, a sugestão, a gente leva isso pra dentro da empresa, a gente discute. Por exemplo: em um evento recente, um cara botou uma observação que procede, sobre um tambor Octoban. Isso, dez anos depois de o produto estar no mercado! Cada crítica que a gente recebe a gente para pra analisar. Todos os produtos que a gente desenvolve têm a participação do consumidor. Eu também sou músico, o meu irmão é baterista, eu toco guitarra, violão. A parte de design, por exemplo, vem da gente. A gente pensa bastante essas questões.